sexta-feira, 22 de fevereiro de 2013

Portuários param hoje (22) em todo o Brasil.



   Os trabalhadores portuários realizam na manhã de hoje uma greve em todos os portos do País. Eles são contra mudanças propostas pela Medida Provisória (MP) dos Portos, que está tramitando no Congresso e prevê a licitação de 159 áreas em 25 portos brasileiros. A paralisação começa às 7 horas e deve se estender até às 13 horas. Em Paranaguá, todas as sete categorias sindicais, além da Cooperativa de Transportes e da Cooperativa Mista e de Transportes de Fertilizantes, Sal, Corrosivos e Derivados do Litoral (Coopadubo), devem aderir ao movimento. No porto paranaense são cerca de 4,7 mil trabalhadores que devem cruzar os braços.

O movimento foi confirmado mesmo com o governo federal convocando uma reunião na Casa Civil para hoje, para discutir com os trabalhadores as reivindicações de mudanças na MP 595. Caso o governo flexibilize sua posição e aceite mudanças na MP, os trabalhadores podem decidir não continuar o movimento, cancelando uma segunda greve marcada para a próxima terça-feira.


Segundo presidente da Federação Nacional dos Portuários, Eduardo Guterra, os trabalhadores foram orientados a não paralisar cargas essenciais, como remédios, alimentos perecíveis e carvão.


A greve acontece num momento em que o porto está em período de escoamento da safra agrícola e, portanto, com maior movimentação de cargas. Neste período, Paranaguá recebe de 1,8 mil a 2 mil caminhões por dia que chegam ao pátio de triagem. Ontem, já havia 11 navios atracados para embarque e desembarque de mercadorias. Uma paralisação maior pode lotar o pátio de triagem e levar à formação de filas.


Entre as categorias que devem parar hoje estão estivadores, amarradores, conferentes, vigias, autônomos, arrumadores e trabalhadores de bloco, todos avulsos. Os 700 funcionários do próprio porto e ligados ao Sindicato dos Trabalhadores Portuários (Sintraport) também devem aderir ao movimento.


O tesoureiro do Sintraport, José Gastão dos Santos, disse que os trabalhadores querem participar da regulamentação da MP, que já tem mais de 600 emendas apresentadas por parlamentares. ''Vamos paralisar em apoio aos trabalhadores avulsos, porque sabemos que o governo federal pode até privatizar a própria Appa (Administração dos Portos de Paranaguá e Antonina)."


O secretário do Sindicato dos Estivadores de Paranaguá, Oziel dos Santos Souza, contou que a categoria tem cerca de 1,2 mil trabalhadores. ''Pode ter um aprofundamento da greve se o governo não negociar'', disse. O presidente do Sindicato dos Vigias, Pedro Henrique Martins, disse que a principal reivindicação é a garantia de continuar tendo trabalho nos portos. ''A iniciativa privada vai nos pagar o salário que quiser'', declarou.


Segundo ele, em períodos de bom movimento de carga, um trabalhador avulso chega a ganhar cerca de R$ 2,5 mil bruto. Ainda conforme Martins, a MP deveria ter os mesmos termos que hoje já estão na convenção coletiva dos trabalhadores avulsos.


A Appa informou que está apreensiva com o movimento, uma vez que existe programação de navios a serem atracados para carregar os descarregar produtos e a mobilização deve causar atrasos e prejuízos. A autarquia não tinha uma estimativa do volume de cargas que deixará de ser movimentado hoje de manhã. ''Estamos preocupados com as consequências deste movimento, pois o produtor agrícola está no momento da colheita da safra'', disse o superintentende da Appa, Luiz Henrique Dividino. (Com agências)


Fonte: Folha de Londrina,PR / Andréa Bertoldi